Antonio Luiz Mendes de Almeida[/caption]
Prof. Antonio Luiz Mendes de Almeida***Rabisco minhas pobres linhas antes de decidir se irei ou não exercer o meu direito de voto, agora que posso escolher e não sou obrigado a cumprir uma obrigação, algo inconcebível num país que se diz democrático. Por outro lado, de acordo com as pesquisas, o pleito já estaria resolvido porque, mesmo com os erros costumeiros, eles não poderiam ser tão grandes para eliminar treze, quatorze pontos de vantagem. (deixo para o PS de arremate...) A partir do domingo passado, temos um novo governo ensaiando para tomar posse quando janeiro chegar. Seja o que Deus quiser.
O que dizer da censura do Conselho Nacional de Educação à obra de Monteiro Lobato, escritor consagrado e festejado, leitura obrigatória de gerações e gerações, o primeiro a afirmar, nos primórdios do século passado, que esta terra tinha petróleo? O autor que possibilitou uma série televisiva apreciadíssima e premiada, de repente, é acusado de racista, numa interpretação suspeitíssima, que esquece o tempo em que a obra foi escrita e que pretende descobrir intenções malévolas, e as requinta com a expressão “estereotipia ao negro e ao universo africano”, uma linguagem mais de gráfica do que de psicologia social.
Não tenho muitas dúvidas sobre a intensidade de melanina na pele dos que fizeram suas apreciações e apenas lamento que, exatamente, longe de fazerem um bem, apenas ressaltam algo que nunca foi levantado, ou seja, os leitores mirins jamais pensaram em racismo e nem sabem o que é isso. A censura, se confirmada, o que seria um absurdo, só faz evidenciar o que sempre se soube, ou seja, o negro é mais racista do que o branco. Não se pode distorcer a história e ignorar que muitos negros escravizavam seus irmãos e os vendiam aos traficantes brancos, do mesmo modo que Roma transformava os exércitos vencidos em escravos brancos, do qual, sem grandes consultas históricas, o filme Spartacus (com Kirk Douglas) nos demonstrou. No Brasil, a exaltada princesa Isabel, sabem os historiadores, só assinou a abolição porque foi montada uma enorme negociata que se desfez quando, um ano depois, veio a República, e os donos de fazendas ficaram sem suas indenizações prometidas.
Se quisermos analisar com isenção, é preciso reconhecer que os tão elogiados abolicionistas erraram muito ao se limitarem a tirar as correntes, recolher os chicotes, mas largaram os escravos libertos à própria sorte, sem lhes dar chance de progresso, de alfabetização, de trabalho devidamente remunerado, ocasionando a grande dívida social que temos com a população negra em nossa terra que, embora desmintam, é racista (conceito inexistente) em sua pior forma, a dissimulada, não assumida.
Na apreciação, destacam um trecho que diz: “a tia Nastácia (...) trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro...”. Qual a grande ofensa? Macaco? E o que pensar da torcida arco-íris que chamou os simpatizantes do “clube mais querido”, cerca de trinta e sete milhões, de “urubus”, no intuito de ofendê-los e nós (sou um urubu feliz de longa data...) transformamos em símbolo risonho da imensa nação rubro-negra, aceitando como brincadeira e revertendo sua finalidade em algo bom. Na mesma linha, não sei se os torcedores da Ponta Preta gostariam que ela trocasse o apelido carinhoso de “Macaca”, e não creio que ninguém se sinta ofendido. E quando o macaco Tião teve um caminhão de votos, seus eleitores eram racistas ou, ao contrário, só os negros votaram nele? Ora, me poupem. Os fatos devem ser analisados no seu momento histórico. O que dizer das mulheres eleitas e disputando os cargos mais importantes, se até 1920 não podiam sequer votar, condenadas a ser “do lar”, apenas com “prendas domésticas”? Enfim, é uma grande bobagem que só contribui para discussões estéreis, acirrando mais os ânimos, do que encaminhando o entendimento devido. E o Conselho Nacional de Educação desperdiça tempo com estas sandices!
Bem mais grave do que esta querela estranha e míope, é o acontecido na UNESP (Universidade Estadual Paulista), instituição pública em Assis em que se realizou, a título de confraternização, um “rodeio de gordas”, com os alunos agarrando as moças mais robustas e vendo quanto tempo conseguiam ficar. Onde a direção, coordenação, professores, funcionários? Como isso pode acontecer numa universidade que, por princípio, é uma comunidade de iguais? A nossa Folha publicou uma reportagem e ouviu especialistas sobre o bullyng praticado nas escolas de ensino fundamental e de segundo grau, onde os diferentes são agredidos, marginalizados, ridicularizados, sem que diretores, mestres e famílias tomem providências. Se o filho ou filha não quer ir à escola, é evidente que existe algo errado e é preciso investigar e coibir as coerções e ofensas, mas, infelizmente, nada se faz, os pais, em sua maioria, não se interessam, não ligam para as crianças, mais preocupados em manter seus salários, a garota ou garoto têm receio de falar, com medo de ouvir: “deixa de ser bobo, seu molenga, por que não reage, não bate de volta? Não me amole com essas bobagens, quero ver a novela...” A escola não coíbe, os pais não se importam ou não cobram, e a criança sofre, acumula traumas de recuperação dificílima, marcas que ficarão indeléveis para o resto da vida. E a culpa é nossa, pelo nosso comodismo, ignorância, egoísmo, falta de vergonha.
P.S.1: A situação é muito grave quando vemos professora assediando sexualmente suas alunas, levando-as para motel e a única providência do diretor foi transferi-la de escola! Pelo visto, não se fiscaliza, ninguém avalia o trabalho dos presuntivos mestres, não existe, como já foi obrigatório, o SOE (Serviço de Orientação Educacional) para ouvir os alunos, aconselhá-los e às famílias, principalmente em escolas públicas com sua clientela de carentes e filhos de pais analfabetos. Como alguém, com este desvio, pode ter chegado a ser professora? Nunca ninguém notou as tendências anormais? Sabemos que há assédios heteros, igualmente condenáveis, principalmente de professores e alunas, o que acontece muito no grau universitário, também sem punições, mas o homossexual feminino, valendo-se da vulnerabilidade de adolescentes, é mais deplorável. (O movimento GLS vai estrilar... e daí?) A professora foi presa, por acaso, mas quantos outros episódios semelhantes não estarão acontecendo à socapa, valendo-se da incompetência ou, quem sabe, conivência de direções e coordenações. Estamos muito mal!
P.S.2: A criatura tomou o lugar do criador e resta ver se passará a ter vida própria ou continuará obediente ao que o guru mandar. Aliás, o presidente que se retira, teve um comportamento lamentável, ilegítimo e ilegal, desprezando a justiça, a liturgia do cargo e colocando toda a máquina do Estado a serviço de uma candidatura por ele escolhida e imposta ao partido. A esta altura, muitos estão querendo se segurar nos postos e os derrotados procuram suas vagas com sofreguidão. Pode ser que, com seu reconhecido temperamento autoritário, venha a desconstruir o seu manipulador, como é costume acontecer, gratidão é um sentimento raro... E o “chefe da quadrilha” vai voltar? Fica esta indagação e outras mais, numa campanha sem projetos, sem uma agenda mínima, sem verdade...




